Apresentação

O II Xirê das Letras: Giros de Resistência é a continuidade da concretização do anseio dos pesquisadores do AYOKÁ-KIANDA – Núcleo de Pesquisas e Estudos Multidisciplinares Africanos e Afro-Americanos e de muitos dos docentes e discentes do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – DCHT XXIV, do Campus Universitário Professor Gedival Sousa Andrade, da UNEB, no município de Xique-Xique – Bahia, pela realização de um evento de natureza científica, de caráter internacional, a fim de compartilhar e impulsionar pesquisas e estudos desenvolvidos neste Departamento, pondo-os em diálogo com produções de pesquisadores de outras I.E.S., envolvendo a temática das africanidades refletidas nas línguas, nas literaturas, na educação e nas culturas africanas e afro-americanas.

Nomeamos o nosso evento Xirê das Letras no intuito de fazer circular, com espírito festivo e fraterno, conhecimentos acerca das africanidades nas Línguas, Literaturas e Culturas Africanas e Afro-Americanas. O Xirê é a manifestação religiosa em que os Orixás, entidades sagradas do Candomblé, põem-se a dançar e cantar em círculo, irmanando-se em um ato sagrado de fé e festa, oração e alegria. Sabemos que são inúmeras as religiões nos países africanos, bem como no nosso grande Brasil e demais países americanos. Ao escolhermos a simbologia do Xirê, pensamos em homenagear as religiões afro-brasileiras, cujos adeptos, por terem sofrido intensa perseguição no passado (e ainda no presente), pela resistência com que enfrentaram as adversidades e cuidaram da manutenção do legado cultural de origem africana, merecem o reconhecimento da Academia e de toda a sociedade.

A ideia de compartilhar em círculo também envolve princípios de equidade, onde todos compartilham saberes de maneira igualitária. Desde o útero materno, nossos primeiros movimentos são circulares e festivos, quando trocamos energia vital com nossas mães. Até a nossa morte, também giramos acolhidos pela grande Mãe, a Terra. E esse imenso Xirê não se finda com a morte, eterniza-se nos espaços entre o Aiyê e o Orum, entre o terrestre e o divino. Mas a idéia de Xirê, proposta como título do evento, apesar de homenagear as religiões afro-brasileiras, surge dessacralizada, abraça a todos, independente de credos religiosos, prevalecendo o espírito festivo e fraterno na divulgação de novas produções acadêmicas, literárias e culturais.

No II Xirê das Letras, pretende-se ainda consolidar laços entre o DCHT XXIV e pesquisadores angolanos, que passarão a contribuir com os trabalhos do AYOKÁ-KIANDA, a partir da abertura da Linha de Estudos Bantos no referido Núcleo, e, possivelmente, ampliar o raio de pesquisas e benefícios sociais para os Departamentos parceiros: Irecê (Campus XVI), Jacobina (Campus IV) e Itaberaba (Campus XIII).

Nesse congresso, além da comunidade acadêmica da UNEB, escritores e pesquisadores de Instituições de Ensino Superior públicas e privadas do Brasil e de países da África (Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique), da Europa (Portugal), e pesquisadores que se dedicam ao estudo das Literaturas das Américas (Caribe, Canadá), haverá a participação das comunidades remanescentes de quilombo de Alegre e Barreiro (Itaguaçu/Ba), Lagoa dos Martins (Central/Ba) e Mocambo dos Ventos (Xique-Xique/Ba), dos pescadores, das trançadeiras de rede e do povo-de-santo de Xique-Xique. Enfim, pesquisadores, professores, estudantes, escritores, editores e membros de comunidades afrodescendentes: todos integrarão esse Xirê, no intuito de fazer girar uma multiplicidade de vozes e epistemes sobre as africanidades.

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